17/02/2010

Que os anos não trazem mais











Meus Oito Anos

(Casimiro de Abreu)

Oh que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais

Quando se é criança, se vive em um mundo muito particular. Às vezes mágico, às vezes real, e muitas vezes um misto dos dois. Minhas lembranças de criança me trazem um sentimento nostálgico, não que eu queira voltar a ser criança, mas tem uma infinidade de coisas, principalmente ligadas à infância que só sendo criança de novo para poder vivenciar. Ou então através das recordações, dos fragmentos delas que ficam na memória.

Não sei se todo mundo sente algo assim. Hoje me pergunto; a infância é a época mais feliz da vida?

Se é eu ainda não posso afirmar. Mas me parece que é lá que o sol brilha mais dourado, e lá que as nuvens tomam contornos fantásticos imitando todas as formas. É lá que os gostos das guloseimas são mais sentidos, onde qualquer trilha de felicidade pode se prolongar ad infinitum, onde toda brincadeira e prazer parecem ser eternos, onde a dor só existe como uma forma de nos fazer perceber que as alegrias são maiores e melhores. É onde o que nos faz feliz, só depende de nós mesmos.

É onde lidamos primeiro com todos aqueles sentimentos que nem sabemos nomear ainda, raiva, incompreensão. Arrependimento. Mas somos espontâneos, de alguma forma, somos mais verdadeiros.

Muito se fala da infância como uma época de moldar a personalidade, ainda quando dizem que alguém é infantil, parece uma agressão, um xingamento.

Penso por vezes que tornar-se adulto seja matar a criança que fomos um dia.

As crianças são autênticas, são espontâneas.

Reprimimos quase tudo que sentimos e pensamos, e criamos desejos fundamentados numa ótica absurda que exterioriza toda a nossa felicidade. E nos dizemos amadurecidos.

Talvez por isso, seremos sempre sombras do que fomos quando meninos, e corríamos livres pelas ruas de nosso bairro, nossa cidade, nosso mundo.

E sempre, sob o brilho de há muito, quando éramos crianças.

Algumas vezes o cinema com sua magia nos faz viajar para outros mundos.

Dessa vez, voltei para um desses dias, quando fui um menino pequeno, magrinho, tímido. Feliz e por incrível que pareça, aventureiro.

Obrigado Spike Jonze, por me trazer isso mais uma vez.


Paulo Autran recitando Meus Oito Anos:


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Baby


O disco novo de Devendra já está a tocar no meu mp3.

Tá cheio de coisas boas, não vou ficar aqui dissecando as músicas, não gosto disso. Quem já o conhece e gosta ouça, vale a pena. O disco é um passo adiante após Rolls Down Smokey Thunder...É uma evolução deste anterior. Algumas pessoas não gostam do Devendra que está se formando, a partir desses últimos discos. Já eu acho que suas composições estão ficando muito mais livres, continua soando natural, sem grandes pretensões como tantos artistas novos que ficam tentando recriar ou inventar o que já se fez assinalando algo falsamente novo.

Devendra é ainda um cara divertido, cheio de canções bacanas. Algumas soam como mágicas e proféticas. Outras simplesmente são puras, gostosas de ouvir.

Neste disco o clima das canções está mais variado.

Excelente disco.

ouça baby no jools holland:

http://www.youtube.com/watch?v=BzhIWP8GbHk&feature=related

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