27/03/2010

Estágio




Antes de mais nada, vamos apreciar (ou não) o novo formato do blog!!! Graças ao nosso amigo Thiago Emo, este blog ficou no abandono total, mas deixemos o passado de lado e vamos em frete.
Bem, quero falar de uma coisa muito importante (ou não) na vida de um universitário, o Estágio. Ele vem sempre marcado de "magníficas" histórias contadas ao logo do anos por muitas pessoa. Portanto, deve-se tomar muito cuidado antes de aceitar um Estágio sem conhecer direito a empresa em que você vai estagia, sua referência no mercado de trabalho e a qualidade com que administra seus funcionários.

Eu recentemente estagiei em uma empresa da construção civil, relativamente grande e de grande poder influência no mercado. Esta empresa foi a Rio Ave Construções, dotada de um histórico de grandes obras pela região do Recife (especialmente em Boa Viagem), chegando a ganhar no ano de 2009 o prêmio Master da Ademi 4 quartos.

Posso dizer que estive nas mãos de dois bons engenheiros e um supervisor. O começo claro, foi difícil, no meu entender no que diz respeito a confiança que você ainda não possui, principalmente se tratando do meu primeiro estágio. Lembro-me como se fosse hoje, o primeiro dia de trabalho o Engenheiro me levou para dar uma volta por toda a obra, me explicando como funcionava a gestão da empresa e principalmente quem a comandava (risos). Me falou de Dr. Alberto, o carrasco de qualquer um na obra, do servente até o supervisor. Ouvido aquele relato de como era está na presença começava a imaginar o duro caminho que tinha que trilhar, e que certa hora ouviria pelas costas de surpresa: "O Curalho, qué que tús tas faziendo ai parádo" Era uma coisa que vinha treinando, não rir se isso viesse a acontecer, porque ao meu ver era muito engraçado como todos na obra falavam dele, era aqui era ali, sempre tinha alguém imitando um português falar besteiras. O que me fez criar pensamentos tão absurdos dele, que quando o vi na internet, disse para mim mesmo: "não é possível que seja esse senhor de idade?" eu viria a concretizar um velho ditado inglês que diz : "não julgue um livro pela sua capa" E É VERDADE!!!

Minha maior dificuldade foi com relação ao meu cabelo, logo quando cheguei todos os trabalhadores da obra me olhavam rindo, talvez por esse motivo tenha desenvolvidos uma filosofia de trabalho um tanto Maquiavélica. Os primeiros dois meses foram de adaptação, mas diria que já estava tudo caminhado na minha cabeça como deveria ser o trabalho ao longo da minha estadia na Rio Ave, ganhei confiança quando "sozinho" fiz descer 14 trilos de não sei quantos quilos (só sei que eram três para somente levantar um deles), o complicado que a operação se dava através de um conjunto de esforços realizados, 4 homens na cobertura para apoiarem os trilhos, 3 no 23° andar onde estavam os trilhos e 2 na rua apoiando os trilhos (para que não batessem na fachada), me lembro que peguei 4 radios no almoxarifado, distribui entre todas as equipes e eu fiquei com um no 23° andar (onde estavam os trilhos), hehehehehehe (risos) não percebi que o rádio (que só tinha uma freqüência para toda a obra) resultado, eu morendo de berrar la de cima com os caras da cobertura e la do terreo "puta que o pariuuuuuuuu estica o pooooora dessa corda direito, estiiiiiiiica a corda pooooooora, estiiiiiica estiiiiica estiiica, vai bater no vidro pooooooooora estiiiiiiica logo esse caralho" e o pior de tudo foi que tinha um cara em especial que eu estava "gritando" mais que os outros, era o Dêdê, "Dêdê poooooooooora estica esse cacete, estiiiiiiiiica essa porra logo Dêdê" acho que desci lá para baixo umas 5 vezes para reclamar com Dêdê. Depois deste episódio, todos na obra ficaram tirando sarro da cara do Dêdê, porque estavam escutando tudo pelo rádio e ninguém veio me falar nada (claro que de propósito).

Assim que voltei das férias de 15 dias, já em janeiro, veio o período que jamais vou esquecer, primeiro o desligamento de um dos engenheiros da empresa, isso fez com que tudo que estava parcialmente programado fosse desconsiderado, o pepino de pendências de entrega da obra para o Habita-se, hehehehehe (risos) acho que perdi 4 a 5 quilos no período de 1 mês, ganhei um celular da empresa para resolver um bocado de problemas, e digo, foi a melhor experiência que tive nos meus 6 meses de obra, liga para um, dois, três e para mais pessoas que pudessem resolver "meus" problemas. Até que um dia o Supervisor da empresa me mostrou por que era supervisor, em uma burocracia para ver quem instalava um equipamento ele solicitou para mim pegar nome de cada um daqueles presentes e preencher um formulário da Iso confirmado que tudo estava ok, foi quando eles deram um passo para trás e disseram: "perai vamos abrir para lhe mostrar" Que nada, a instalação nem sinal de pronta estava, foi quando eles pegaram suas ferramentas e corrigiram tudo que estava fora dos conformes. Depois de todos sairem do local, o Supervisor virou para mim e disse: "viu se nós tivéssemos deixados eles irem embora sem forçar eles a assinarem esse documento, teríamos nos ferrado" e realmente ele estava certo, seria um desastre já se tratava de um serviço muito caro.

Ficou para mim a satisfação de ter estagiado em um lugar bem visto pelo mercado de trabalho e também prazeroso de se trabalhar (quando Dr. Alberto não está na obra), infelizmente tive que deixar-lo, por vários motivos dentre os quais não posso combater, mas fica o aprendizado que tive e os poucos grandes amigos que lá formei.



21/03/2010

21 de março!



Hoje se estivesse vivo, Ayrton Senna da Silva estaria completando 50 anos.

Quem não acompanhou a F-1 no final dos anos 80 e início dos 90 não tem idéia do que significava acordar num domingo de manhã e sintonizar no canal 13 para assistir a corrida do dia. Geralmente era isso que acontecia na maioria dos lares com televisão no Brasil.

Acordar no domingo era bom. Começar a semana assistindo a Ayrton Senna era algo indescritível. Seja como fosse. Com ele largando na frente, em alguma de suas 61 poles, ou largando mais atrás, com o carro bom ou ruim, sabíamos que alí haveria uma pessoal com uma capacidade incrível de brigar até o último instante pela vitória, ou pelo melhor que pudesse conseguir.

Ayrton Senna, mais que um piloto, foi um símbolo de luta. Por muito tempo o orgulho de muitos brasileiros crescia ao assistir tais corridas. Senna foi e é uma referência de dedicação, de disciplina e de força. Sua capacidade de lidar com adversidade era imensa. Seus pensamentos e sitações estão em livros mas mais do que isso, estão na memória de quem acompanhou sua carreira. Tímido e simples, aguerrido mas também leal.

Eu torcia para Piquet quando era pequeno, aos poucos fui vendo crescer Ayrton Senna dentro da F-1. Minhas memórias não são tão claras, mas lembro-me contudo, do sentimento que nos unia, meu pai, meu tios, eu, e alguns anos mais tarde meu irmão. Éramos muito parecidos com as torcidas de futebol. Tínhamos um sentimento de paixão parecido com o que o torcedor sente por seu time. Era assim.

Hoje, quem assite a F-1 e não viu essa época não sabe o que foi esse sentimento.

Não sabe o por que de tanta gente no velório de Ayrton quando seu corpo chegou ao país. As pessoas pararam o trabalho, saíram nas ruas, isso tudo acompanhei pela tv. Naquela época não havia esse estardalhaço da mídia de hoje, com esses repórteres todos, ainda assim, a tv parou para transmitir ao vivo o cortejo imenso.

Só vi algo parecido com a morte de Tancredo Neves. Ainda assim, creio que é incomparável com o que se sucedeu naqueles dias de março de 1994.

Lembro de Senna no programa da Xuxa, num sábado de manhã, era fim de ano e ela, que era namorada dele, aproximava o piloto ainda mais das crianças. Antes de heróis de futebol, nosso herói era Senna. O Brasil não era campeão de futebol há mais de 20 anos, mas éramos campeões de F-1, Tricampeões! Antes de qualquer craque de futebol, havia Ayrton. Hoje, é impossível comparar essa dimensão de ídolo nacional. Não vejo ninguém no esporte com a força representativa de Ayrton.

Recentemente uma revista o apontou como o piloto mais veloz de todos os tempos, numa pesquisa entre jornalistas e especialistas.

Essas pesquisas geralmente não tem muito sentido. Mas isso me fez lembrar de um dos tantos fatos que propiciaram esta votação. Em Mônaco, 1988, nas tomadas de tempo, Senna conseguia ser um segundo e meio mais rápido que Alain Prost, já campeão mundial e com o mesmo carro. Os outros pilotos só faziam fila para serem ultrapassados.

Ayrton Senna nos enchia de força e orgulho pra começarmos a nossa semana.

Esses sentimentos só existem agora na memória de quem pode acompanhar esses momentos. É como quem viu Pelé jogar, quem nasceu depois só tem as histórias, as imagens, mas nada disso é a mesma coisa que ver tudo acontecer alí, na hora, ver a história do esporte ser escrita.

Senna, descanse em paz!



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