21/03/2010

21 de março!



Hoje se estivesse vivo, Ayrton Senna da Silva estaria completando 50 anos.

Quem não acompanhou a F-1 no final dos anos 80 e início dos 90 não tem idéia do que significava acordar num domingo de manhã e sintonizar no canal 13 para assistir a corrida do dia. Geralmente era isso que acontecia na maioria dos lares com televisão no Brasil.

Acordar no domingo era bom. Começar a semana assistindo a Ayrton Senna era algo indescritível. Seja como fosse. Com ele largando na frente, em alguma de suas 61 poles, ou largando mais atrás, com o carro bom ou ruim, sabíamos que alí haveria uma pessoal com uma capacidade incrível de brigar até o último instante pela vitória, ou pelo melhor que pudesse conseguir.

Ayrton Senna, mais que um piloto, foi um símbolo de luta. Por muito tempo o orgulho de muitos brasileiros crescia ao assistir tais corridas. Senna foi e é uma referência de dedicação, de disciplina e de força. Sua capacidade de lidar com adversidade era imensa. Seus pensamentos e sitações estão em livros mas mais do que isso, estão na memória de quem acompanhou sua carreira. Tímido e simples, aguerrido mas também leal.

Eu torcia para Piquet quando era pequeno, aos poucos fui vendo crescer Ayrton Senna dentro da F-1. Minhas memórias não são tão claras, mas lembro-me contudo, do sentimento que nos unia, meu pai, meu tios, eu, e alguns anos mais tarde meu irmão. Éramos muito parecidos com as torcidas de futebol. Tínhamos um sentimento de paixão parecido com o que o torcedor sente por seu time. Era assim.

Hoje, quem assite a F-1 e não viu essa época não sabe o que foi esse sentimento.

Não sabe o por que de tanta gente no velório de Ayrton quando seu corpo chegou ao país. As pessoas pararam o trabalho, saíram nas ruas, isso tudo acompanhei pela tv. Naquela época não havia esse estardalhaço da mídia de hoje, com esses repórteres todos, ainda assim, a tv parou para transmitir ao vivo o cortejo imenso.

Só vi algo parecido com a morte de Tancredo Neves. Ainda assim, creio que é incomparável com o que se sucedeu naqueles dias de março de 1994.

Lembro de Senna no programa da Xuxa, num sábado de manhã, era fim de ano e ela, que era namorada dele, aproximava o piloto ainda mais das crianças. Antes de heróis de futebol, nosso herói era Senna. O Brasil não era campeão de futebol há mais de 20 anos, mas éramos campeões de F-1, Tricampeões! Antes de qualquer craque de futebol, havia Ayrton. Hoje, é impossível comparar essa dimensão de ídolo nacional. Não vejo ninguém no esporte com a força representativa de Ayrton.

Recentemente uma revista o apontou como o piloto mais veloz de todos os tempos, numa pesquisa entre jornalistas e especialistas.

Essas pesquisas geralmente não tem muito sentido. Mas isso me fez lembrar de um dos tantos fatos que propiciaram esta votação. Em Mônaco, 1988, nas tomadas de tempo, Senna conseguia ser um segundo e meio mais rápido que Alain Prost, já campeão mundial e com o mesmo carro. Os outros pilotos só faziam fila para serem ultrapassados.

Ayrton Senna nos enchia de força e orgulho pra começarmos a nossa semana.

Esses sentimentos só existem agora na memória de quem pode acompanhar esses momentos. É como quem viu Pelé jogar, quem nasceu depois só tem as histórias, as imagens, mas nada disso é a mesma coisa que ver tudo acontecer alí, na hora, ver a história do esporte ser escrita.

Senna, descanse em paz!



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